quinta-feira, fevereiro 16, 2006

"Existe saída a curto prazo"


Embora nunca tenha jogado Pólo Aquático na vida, Eduardo Vieira tem grande importância no Pólo nacional. O jornalista faz parte da equipe do http://www.poloaquatico.com.br/ , costuma emplacar matérias no Jornal dos Sports (onde também trabalha) e está dando uma contribuição enorme ao Pólo Aquático e Nado Sincronizado brasileiros registrando a história das modalidades em livros.

Assim como todo jornalista, Eduardo é amado quando faz matérias positivas e odiado quando as matérias não são lá tão agradáveis aos olhos do personagem enfocado. Como ele mesmo diz na entrevista abaixo, há quem não goste dele no pequeno cenário do Pólo Aquático brasileiro. Cada qual com seu cada qual e aqui não vai nenhum questionamento às razões de ninguém.

O que olhando aqui de longe percebemos é que o pessoal do http://www.poloaquatico.com.br/ mantém um veículo indispensável para a integração dos amantes da modalidade no Brasil, num esforço que tenho certeza ser gigantesco para trazer informações diárias sobre um esporte que quase não tem espaço na mídia nacional.

Pólo Ceará - Por que o Pólo Aquático não tem espaço na grande mídia? Você vê solução a curto prazo?
Eduardo - Eu acredito que a questão básica é a falta de resultados importantes no cenário internacional. É semelhante ao basquete, que por ter clubes muito fortes, não consegue criar torneios alternativos como o vôlei. Por exemplo, apesar de todo o talento da equipe de Bernardinho, as chances de títulos e vitórias são grandes: Sul-Americano, Copa América,Copa do Mundo, Liga Mundial, Mundial, Pan-Americano e Olimpíada.

No caso do pólo, em ano sem Mundial, surge apenas o Sul-Americano, desconsiderado pela pouca repercussão dos adversários e a Liga Mundial, que éuma realidade completamente diferente. Não tem como uma Seleção destreinada, a última se reuniu às vésperas, obter bons resultados. São 35 jogos, 34 derrotas e um empate, em quatro anos. Um currículo que, com certeza, não chamará à atenção da mídia. Mas existe saída a curto prazo: como a compra de espaço, com faz o handebol na mídia (pela Petrobras) e à criação de desafios em território nacional contraequipes medianas para que se possa vender uma imagem vencedora. Derrota não atrai público, ainda mais agrande mídia, veja o interesse por futsal e beachsoccer.

Pólo Ceará - A gente teve no Kiko e Felipe Perrone dois fenômenos como jogadores, com boa aparência, dois caras equilibrados, com excelente formação, sobretudo de caráter. Por que dois garotos-propaganda desse quilate foram embora despercebidos pelo grande público?
Eduardo - Talvez pela falta de divulgação dos seus feitos. Veja: a Camila Pedrosa foi vice-artilheira do Mundial deMonteal, com a melhor média de aproveitamento nos arremessos. Mas não saiu uma linha no site da CBDA. E no dia da premiação do COB só se falou do 13º lugar noMundial. O pior resultado da história, mas em termos quantitativos. Porque o Brasil pegou um grupo forte e fez excelentes jogos: Alemanha (6 a 6) e Holanda (6 a7). Não se enfatizou o lado bom, aí era comum os jornais e sites (como o da UOL) enfatizarem apenas os resultados.

Não acompanhei de perto o Kiko e, sim o Felipe. Quando o Brasil venceu o Pan-Júnior não houve um bom trabalho de divulgação. Sem televisão, é quase impossível mobilizar. Mas não se deve culpar apenas a assessoria da CBDA, se é que tem culpa. A mídia viveum período difícil, com poucos profissionais e se a notícia não cair no colo, são poucos que correm atrás. Nesse meu livro de pólo, senti na pele isso. Os campeonatos que não pude ir, não obtive o resultado. As súmulas não são expostas e se limitam a publicar oresultado dos jogos. Mas aí entra outra questão: os mesários e delegados passam os resultados?

Pólo Ceará - Qual a estrutura e os planos da revista e do site PóloAquático?
Eduardo - Na realidade, em razão da dificuldade econômica, não se pode falar em planos. A idéia é continuar acompanhando, no meu caso em especial o feminino, por ter um projeto de 10 anos. Mas é aquilo, pode se encerrar a qualquer momento. Ainda não se existe a possibilidade de apenas editar e sim tem que se correr atrás dos atletas. O que não é legal, porque de uma certa forma expõe alguns, os que gostam ou não gostam de mim. E, como qualquer esporte, o resultado interfere.

Até as mais amigas não respondem com muita delicadeza após uma derrota. Mas é o meu trabalho. Quando se tem recursos, eu contrato uma repórter emSão Paulo, para evitar o desgaste.

Pólo Ceará - Você trabalha também no Jornal dos Sports. Qual a receptividade das matérias sobre Pólo Aquático?
Eduardo - É bem interessante. Existe até um ou dois torcedoresque ligam sempre, pedem notícias, resultados e outras coisas. O aspecto visual também é interessante: as fotos são de movimentos, expressão e contraste da água muito bonito em páginas coloridas. As meninas também são bonitas, o que atrai muito, ainda mais num veículo predominantemente masculino, por ser quase 80% dedicado ao futebol.

Mas eu não coloco elas fora da piscina, de maiô, por exemplo. É um cuidado que tenho com elas, com as meninas do nado e com a Juliana Veloso. Acho que dá uma preservada e enfatiza o aspecto da atleta.

Pólo Ceará - O Badminton é um esporte sem nenhum apelo popular eestá entrando com uma promoção gigante nas praias bancada por uma grande empresa. Será que o problema doPólo Aquático é de gerenciamento?
Eduardo - Sim. Isso que eu falei acima. É preciso criar eventos, desafios, aproveitar a praia. Acho que a CBDA pode fazer isso. A estrutura do esporte melhorou muito. Não falta dinheiro para as Seleções. Mas se não popularizar não adiantará nada. Vamos viver sempre de uma Andrea Henriques, Camila Pedrosa ou Beto Seabra. E nem sempre a qualidade será grande. Mas se tiver quantidade, tudo pode mudar...

Pólo Ceará - Além da revista, do jornal e do site, você também está investindo na literatura esportiva. Quais os livros quevocê já escreveu e onde podemos adquiri-los?
Eduardo - Bem, não acho que seja literatura. Na realidade, é um trabalho que iniciei em 2002. Por um motivo: a minha grande amiga Fernanda Monteiro trocou o nado sincronizado pelo Cirque de Soleil. Então, meio que me senti órfão e queria de alguma forma continuar me relacionando com ela. Então, tive a idéia de fazer os verbetes do nado.

Foram 120 entrevistas, a maioria em encontros pessoais, que renderam um livro com uma ótima saída. Só no lançamento (março de 2004) foram 250 vendidos. No meio do caminho, conheci a AndreaHenriques, que era do nado e se mudou para o pólo. Percebi que o público, em especial o paulista, era parecido e poderia fazer a pesquisa por e-mail. E deu certo, mas tive que ir cinco vezes a São Paulo.

Em dezembro de 2004, saiu o livro com 84 perfis e uma tiragem de 350 livros que se esgotou. No final desse mesmo ano, fiz algumas entrevistas com as argentinas e me encantei com a Paula Melano. Nãoapenas por sua beleza, mas pela determinação em divulgar o esporte no seu site. Foi uma entrevista aqui, outra ali e três meses depois saía o livro.

Outro sucesso inesperado, mesmo sem qualquer lucro em razão do frete para o país vizinho. Em agosto de 2005, lancei o segundo do nado, com uma série de artigos, com uma história mais sintática e cronológica. Mas que também teve uma saída muito boa...E agora estou lançando em fevereiro o novo de polo com quatro artigos: história do Brasil em Mundiais Juniors, em Mundials Adultos, Temporadas 2004-05, Brasileiras naItália e Grécia e um anexo com Flávia Vigna, revelaçãodo Paineiras.

A idéia é manter isso por 10 anos, e fazer artigos de clubes, estados, atletas, a tal história total. A compra pode ser feita pelo e-mail do site do polo, mas o objetivo é realmente preservar a história.

Pólo Ceará - A situação do Pólo Aquático feminino é de mais esperança do que o masculino?Eduardo - Sim...Em qualquer esporte feminino, a possibilidade de ascensão é mais rápida. É a questão da quantidade. O número de mulheres esportistas ainda é pequeno em relação ao de homens. Por isso, ter numa equipe CamilaPedrosa, Andrea Henriques, Flávia Fernandes, Fernanda Palma e Carol Vasconcellos (essas duas últimas são muito boas, em especial pela personalidade na água) faz muita diferença. Já que os outros países não têm, como no masculino, 13 do mesmo nível, com exceção dos Estados Unidos e Hungria.

A própria Itália sofre com o processo de renovação e não abre mão das experientes.Por isso, a entrada de uma Cassie Azevedo ou da Ale Araújo deixaria o Brasil numa ótima situação. Já o masculino é complicado. Até países médios, como Holanda e Eslováquia, disputam muitos eventos no ano (com clubes e seleções) e isso faz a diferença.

Pólo Ceará - Você vê possibilidade do Pólo Aquático se desenvolver fora do Rio e São Paulo?Eduardo - Sim. Lógico, em especial por ter menos concorrência (futebol) e uma mídia sempre disposta a divulgar os eventos. No Rio e São Paulo, é raro sair nota de qualquer competição. É provável que a Carol (Brasília) sozinha tenha dado mais mídia que muitos clubes tradicionais. Mas eu acho que num país continental aquestão do transporte é essencial. É preciso algumtipo de subsídio para que possa realizar intercâmbio. Regionalizar não é uma boa. É preciso confrontos diretos entre os vários estados.

A foto é do novo livro de Eduardo Vieira.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Algumas coisas ditas pelo Eduardo até são verdadeiras, mas ele se esqueceu de dizer que no site ele inventa entrevista que não ocorreram, e naquelas que existiram ele coloca palavras na boca dos entrevistados... sem contar o que ele faz na Liga... "30 jogos sem ganhar, 120 quartos sem vitórias, 1080 minutos de derrotas, não sei quantos sengundos sem ganhar"... Eduardo dá um tempo! vc não é esse cordeirinho não amigo...

17 fevereiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Bom dia!

Gostaria de saber como faço para comprar este livro de Pólo?

09 agosto, 2007  

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