terça-feira, abril 18, 2006

"Para se dar bem no esporte, depende da vontade do atleta"

Infelizmente a alagoanaYasmin Queiroz, do Flamengo e da seleção brasileira, não vem mais para a primeita etapa do Circuito Nordeste de Pólo Aquático, em Fortaleza. Falei com o Gilson há uma semana atrás, ele estava indignado pela ausência dos times masculino e feminino de Alagoas. Nós também lamentamos por diversas razões. Enumero algumas: seriam mais times fazendo intercâmbio(mesmo que a tabela estivesse apertada), o Gilson é um tremendo sujeito e um dos maiores incentivadores do Pólo Aquático no nordeste e gostaríamos que ele estivesse nesse encontro pra fortalecer os laços, e teríamos a Yasmin, exemplo de menina perseverante e vitoriosa, ainda mas agora que estamos formando um grupo forte de meninas treinando. Dessa vez ela não vem. Mesmo assim mantenho a entrevista do jeito que estava enquanto ela acreditava vir. Fica como convite pra próxima etapa, em setembro, sem Salvador.

Pólo Ceará - Como é que está a vida no Rio? Você está totalmente adaptada?

Yasmin - Eu já passei por uma experiência parecida quando tinha 15 anos. Tive que
me mudar para São Paulo, para dar continuidade ao pólo, por isso que estou me adaptando mais rapidamente com essa mudança. Além da minha experiência, eu tenho a família Canetti e os amigos para me ajudarem.

Pólo Ceará – O time do Flamengo vem bem forte esse ano. Como está o clima?

Yasmin - Estamos treinando forte para os campeonatos deste ano. Acho que temos um
número maior de chances de conseguirmos um bom resultado, em todas as categorias, tanto no juvenil e no júnior, como também no adulto, que teremos o reforço de Marina Canetti e Cassie Azevedo, ambas de Long Beach, California.

Pólo Ceará – O Canetti é de uma dedicação plena ao Pólo Aquático e a cara do Flamengo. Como é tê-lo como técnico?

Yasmin - Além de técnico, ele é como se fosse um pai para mim. Na hora do jogo, ele te xinga, grita, esculacha, fica nervoso. Mas depois do jogo, ele deixa de ser técnico e passa a ser amigo. Conversamos sobre as falhas e jogadas que fizemos e tentamos chegar num acordo para o próximo jogo.

Pólo Ceará – Falando sobre treinadores, você começou em Maceió com o Gilson, que é outro apaixonado pelo esporte e um cara muito querido por todos. Como foi esse começo e a importância do Gilson nesse processo?

Yasmin - Ele foi um cara que me acompanhou desde o início. Além de ser o meu técnico, ele sabia de tudo o que passava na minha vida, e fazia o possível para me ajudar. Com certeza, sem ele eu não teria chegado a lugar algum. Todo o espaço que eu conquistei, e que venho conquistando, é tudo a graças a ele. Todo o meu reconhecimento, foi por culpa da dedicação que ele teve para comigo.

Pólo Ceará – Como você avalia a participação da seleção no sul-americano e quais as expectativas para o Pan?

Yasmin - A seleção fez uma boa apresentação. Defendeu o país com muita garra e
determinação. Se continuar assim, o resultado do Pan será melhor do que os
outros que já passaram. Boto fé na seleção deste ano, com certeza vão obter
uma colocação melhor.


Pólo Ceará – Você e outras atletas de seleção estão vindo para o campeonato de 21, 22 e 23 de abril em Fortaleza. O que motiva vocês, acostumadas aos maiores eventos, a virem para um campeonato feito "na marra" num centro sem tradição no Pólo Aquático? Qual a expectativa?

Yasmin - Eu, particularmente, estou indo para servir ao Gilson e ao meu antigo time de Alagoas. Com certeza a presença de atletas que já passaram pela mesma dificuldade de treinar no Nordeste, dá uma animada e um incentivo maior para os demais atletas. É uma prova de que pra tudo dá-se um jeito, basta apenas determinação e força de vontade. Tenho o maior orgulho de representar Alagoas, mesmo sendo num campeonato menos visado.

Pólo Ceará – Você deu um grande passo saindo de Maceió para o Rio. Você já está pensando em um novo passo rumo ao exterior?

Yasmin - Já recebi propostas de dois times no exterior, mas não vou aceitar enquanto eu achar que não estou preparada psicologicamente. É claro que eu penso, em um dia, sair do Brasil e dar continuidade ao esporte num lugar onde valorizem mais os atletas, e que dêem um apoio maior. Mas por enquanto eu prefiro me dedicar apenas ao Flamengo e a Seleção.

Pólo Ceará – Ainda não temos um técnico aqui específico para as meninas. A mesma situação deve acontecer em outras cidades. Qual a mensagem que você dá para meninas que queiram começar a jogar?

Yasmin - Para se dar bem no esporte, não depende apenas do técnico. Depende mais ainda da força de vontade que o atleta tem. Em Alagoas, eu tinha um ótimo técnico e um ótimo time, mas como o tempo foi passando, o time foi se desfazendo e apenas algumas meninas tiveram a força de vontade de continuar treinando, mesmo com o time incompleto. E são essas meninas que estão se dando bem e continuando o esporte em outro estado, sendo reconhecidas pelo esforço e tendo a recompensa de disputar campeonatos nacionais e até mesmo internacionais. Eu garanto que se o meu time de Alagoas ainda estivesse formado, eu jamais precisaria sair de casa e vir morar no Rio.

Pólo Ceará – Quer deixar uma mensagem?

Yasmin - Queria deixar um agradecimento especial às pessoas responsáveis pela minha vitória e conquista. Familia Canetti, Gilson Santos e minha família. Se eu estou na seleção foi porque eu tive alguém que me incentivava a agüentar todas as barras pesadas dos treinos e da saudade. Sem a ajuda deles, eu não teria chegado onde eu cheguei.,