Tribuna Livre - Luis Fernando Reis II

Infelizmente não conheço uma pessoa, de qualquer categoria, de qualquer cidade, que teça elogios ao trabalho da CBDA e federações no desenvolvimento do Polo Aquático brasileiro. Fácil de mudar o quadro não é. Mas tem que mudar, ou joga-se a toalha de vez.
O Touca 14 WP Blog está dando uma contribuição impagável ao Polo Aquático brasileiro ao tirar o foco do zumzumzum da "rádio-piscina", publicando dados concretos que mostram a viabilidade de uma Associação de Polo Aquático. Caso alguém discorde, a hora é excelente para apresentar contra-argumentos. O que se precisa é criar uma debate real sobre o tema e assumir responsabilidades. É mais difícil do que apenas reclamar. Mas pode dar mais resultado.
Segue o texto do Luis Fernando Reis. E ele já está com o próximo engatilhado:
O mundo do pólo aquático tem como verdade que este esporte é dependente da natação na CBDA. Se não tivesse atrelado à esta mesma confederação, não sobreviveria. Infelizmente, ouço isso até dos dirigentes do pólo aquático que comandam nosso esporte naquela confederação.
Primeiramente, observa-se, na estrutura da CBDA, no seu organograma " diretoria esportiva ", a presença de 4 pessoas, sendo que três relacionadas ao pólo aquático masculino, portanto não existe nesta dita diretoria esportiva um responsável pelo pólo aquático feminino e uma pessoa responsável pela arbitragem, que sinceramente não deveria estar ligada a diretoria esportiva, pois nesse mesmo organograma existem coordenadorias, onde deveria estar posicionado a arbitragem do pólo aquático brasileiro, tal como a Coordenadoria de Arbitragem de Natação.
Os outros esportes: o nado sincronizado tem dois dirigentes e hoje este esporte, temos que reconhecer, está bem mais presente na mídia do que o pólo aquático; os saltos ornamentais tem um dirigente e as marotanas aquáticas também contam com um.
Portanto, é óbvio que o nosso quadro de dirigentes está inchado e isso não é nem um pouco benéfico para o pólo aquático, servindo apenas como moeda de troca para apoio político em futuras eleições. Aliás, corre o boato que será criado um novo cargo ligado a seleção brasileira júnior. Realmente, o único cargo na CBDA que cuida do pólo aquático é o da Coordenadoria Técnica de Pólo Aquático.
Agora vamos demonstrar quais são os critérios para o repasse da verba do COB - Comitê Olímpico Brasileiro para as confederações (Instrução Normativa 1/2004 do COB, que disciplina a aplicação dos recursos financeiros decorrentes da Lei 10.264, de 16 de julho de 2001 - Lei Agnelo/Piva, regulamentada pelo Decreto nº 5.139, de 12 de julho de 2004)
Elas precisam atingir os seguintes critérios estabelecidos:
a) Nível Técnico atingido pelas modalidades das Confederações Brasileiras filiadas:
a - 1) Sul-Americano;
a - 2) Pan-Americano;
a - 3) Mundial;
a - 4) Olímpico.
b) Probabilidade e posterior confirmação de classificação entre os finalistas:
b - 1) Jogos Sul-Americanos;
b - 2) Jogos Pan-Americanos;
b - 3) Jogos Olímpicos.
c) Número de Praticantes da modalidade inscritos ou registrados oficialmente.
d) Número de Federações filiadas as Confederações.
e) Infra-Estrutura Técnica e Administrativa para o Desenvolvimento da Modalidade.
f) Aquisição de Material e Equipamento para o Desevolvimento da Modalidade.
g) Resultado do Diagnóstico e Análise das Modalidades Olímpicas, realizado pelo COB, anualmente.
Em cima desses critérios, a distribuição percentual para as confederações é estabelecida dentro do ciclo olímpico, ou seja, de quatro em quatro anos. Atualmente, de 28 confederações, as seguintes atingiram o percentual máximo de 4% (quatro por cento), em 2006:
- Confederação Brasileira de Atletismo - R$ 2.308.238,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
- Confederação Brasileira de Basquetebol - R$ 2.181.233,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
- Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos - R$ 2.252.940,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
- Confederação Brasileira de Ginástica - R$ 1.837.978,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
- Confederação Brasileira de Vela e Motor - R$ 2.470.908,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
- Confederação Brasileira de Voleibol - R$ 2.849.983,00 (previsto: R$ 1.904.000,00)
Esses recursos, oriundos da Lei nº 10.264 - Lei Agnelo/Piva, deverão ser aplicados conforme o Plano Estratégico Plurianual de Aplicação de Recurso, do ciclo olímpico de quatro anos, nos programas de:
a) Fomento e Desenvolvimento do Desporto:
a - 1) Manutenção da Entidade;
a - 2) Centro de Treinamento;
a - 3) Fomento da modalidade;
b) Formação de Recursos Humanos:
b - 1) Clínicas de Treinamento Prático ou Teórico;
b - 2) Cursos Nacionais;
b - 3) Cursos Internacionais;
b - 4) Assembléias, Feiras, Congressos, Simpósios e Seminários Nacionais e Internacionais;
c) Preparação Técnica, Manutenção e Locomoção de Atletas:
c - 1) Manutenção e Locomoção do Atleta;
c - 2) Manutenção e Locomoção de Comissão Técnica;
d) Participação em Eventos Esportivos:
d - 1) Participação em Eventos Nacionais;
d - 2) Participação em Eventos Internacionais;
d - 3) Organização de Eventos Nacionais;
d - 4) Organização de Eventos Internacionais.
Analisando o que foi exposto acima, observa-se que a CBDA, em relação ao pólo aquático, deixa a desejar em todos os ítens. No próximo "O fim do pólo aquático ?", demonstraremos que o pólo aquático ajuda a CBDA a conquistar o índice máximo de 4%, não tendo, em contra-partida, o que está previsto nas letras a, b, c e d.
Em relação a nossa pretensão da criação da, pelo menos, Associação Brasileira de Pólo Aquático, iniciaríamos com o percentual de 1% de recursos da Lei Agnelo/Piva, pois com exceção das Confederações Brasileiras de Desportos na Neve e Desportos no Gelo, que tiveram uma previsão orçamentária de 0,5%, com valor de R$ 242.000,00, em 2006, todas as outras confederações receberam, pelo menos, como previsão, 1%, que daria R$ 476.000,00. Nota-se abaixo, que todas tiveram variação, mas receberam o que estava mais ou menos planejado. Inclusive, a já existente e participante do COB, Associação de Hóquei sobre Grama e Indoor.
Desportos na Neve - 0,5% - R$ 360.982,00 (previsto: R$ 238.000,00)
Desportos no Gelo - 0,5% - R$ 242.067,00 (previsto: R$ 238.000,00)
Badminton - 1,0% - R$ 499.524,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Hóquei s/ Grama e Indoor - 1,0% - R$ 259.374,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Lutas - 1% - R$ 353.268,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Pentatlo Moderno - 1% - R$ 520.502,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Taekwondo - 1% - R$ 426.558,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Tiro com Arco - 1% - R$ 588.058,00 (previsto: R$ 476.000,00)
Beisebol e Softbol - 1,5% - R$ 845.160,00 (previsto: R$ 714.000,00)
Tiro Esportivo - 2% - R$ 913.258,00 (previsto: R$ 952.000,00)
Triathlon - 2% - R$ 1.181.407,00 (previsto: R$ 952.000,00)
Canoagem - 2,5% - R$ 1.089.722,00 (previsto: R$ 1.190.000,00)
Por isso, com certeza, a nossa Associação Brasileira de Pólo Aquático ou a autonomia administrativa e financeira dentro da própria CBDA começaria com uma verba disponível de R$ 476.000,00, sem contar com patrocínios e, como demonstraremos no próximo post, os resultados alcançados pelo pólo aquático, que, ao final de quatro anos, aumentariam o repasse para, pelo menos, 2%, que hoje seria uma verba prevista de R$ 952.000,00. Valores tanto o primeiro como o segundo que hoje a CBDA, certamente, não destina ao pólo aquático brasileiro.
Foto: defesa da vitória da seleção brasileira feminina contra a Nova Zelândia no Mundial de Melbourne.
1 Comments:
Helcio, obrigado pela divulgação.
O que eu quero reafirmar é: o pólo aquático não pode e não deve achar que vive das migalhas da CBDA. Quando a CBDA manda bolas (caixas), não é boa vontade dela e sim obrigação, conforme está neste meu artigo. Tinha que mandar bolas, traves, cronômetro e etc. Quando voce reclama que não tem nada, voces aí tem esse direito e não somente nós do eixo Rio x São Paulo. Aguarde o próximo artigo em que demonstrarei que o Pólo Aquático agrega pontos para a CBDA e não ao contrário como é divulgado pelos nossos dirigentes e infelizmente até pelos próprios clubes.
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