"Infelizmente não temos nenhum apoio"

Nenhuma empresa do mundo jamais vai crescer se o executivo não sair do ar-condicionado pra entender bem como funciona a ponta, o contato com o consumidor final. O WP brasileiro, talvez por não funcionar como uma empresa, e por isso aparentar não ter metas, despreza as suas tão variadas “pontas”, o que acontece em cada região (é sempre bom lembrar que o WP não existe apenas nos clubes do Rio e SP) , as iniciativas, os esforços, as sugestões, os resultados. Não é necessário um mega investimento, as iniciativas já existem. O que falta é legitimar quem produz, dar apoio, utilizar ferramentas como a internet para, sem gastar um centavo, fortalecer os laços e potencializar o trabalho de pessoas como o Cristiano Schattschneider, de Joinville, um cara que treina meses sozinho, percorre sua cidade espalhando cartazes e promove eventos criativos como o Pizza Pólo. Tudo isso por conta própria, pra ver o esporte se desenvolver. Está na hora de todos esses “exércitos de um homem só” serem interligados. Isso não é nada difícil. Basta querer.

Pólo Ceará - O time feminino da UFSC chegou a conseguir grande visibilidade fora de Santa Catarina. Qual é a realidade do WP na sua cidade, no estado e, sendo um pouco mais amplo, na região sul?

Cristiano - Bem, quanto ao time Feminino da UFSC, acredito que o sucesso deve-se ao grande apoio que as meninas têm da própria Universidade Federal de Santa Catarina e outras entidades como a própria FAB, que já chegou a ceder avião para as meninas irem para campeonatos brasileiros.Isso é muito importante para um esporte sem visibilidade como o Polo. Afinal, se tivessem que bancar do próprio bolso talvez não tivessem condições.

Quanto ao Polo em Joinville hoje está muito fora da realidade. Treinamos as segundas, quartas e sextas das 20:00 as 21:30, afinal a maioria tem compromissos profissionais durante o dia (são advogados, engenheiros, professores e dentistas).Tentei fazer uma divulgação com cartazes em escolas, restaurantes, lojas de esportes, shoppings, enfim em todos os lugares onde tem grande concentração de pessoas, na tentativa de renovar a equipe com a molecada nova (15 a 18 anos), mas não obtivemos o resultado esperado.Um pouco por causa dos horários dos treinos (molecada nova depende dos pais).

Bem, em Santa Catarina quem trouxe o Polo há 20 anos atrás foi o nosso Professor Vladimir Ferreira (acho importante também fazer uma entrevista com ele).Ele que foi o grande incentivador do Polo em Joinville, tivemos já grandes equipes aqui em Joinville comandadas por ele. Eu mesmo cheguei a disputar um Sul-Brasileiro em meados de 80 em Porto Alegre RS sob seu comando.

Em Santa Catarina temos só a nossa equipe e a de Florianópolis (UFSC), mas já tivemos uma equipe em Itajaí do Corpo de Bombeiros Militar que hoje está desativada.

Na região Sul temos equipes fortes, no Paraná e Rio Grande do Sul, tivemos eventos recentes como o Floripolo e uma competição na PUC RS.

Pólo Ceará - Você me falou que chegou a treinar meses sozinho. Como foi isso, o que te manteve estimulado e por que o pessoal sumiu?

Cristiano - Sim, foi final de novembro de 2005.Treinei sozinho até fevereiro, março de 2006. O que me manteve treinando é que o Polo traz um condicionamento físico excelente na água, e como toda temporada eu trabalho de Salva-Vidas nas praias da minha região, focalizei meus treinos para o salvamento aquático.

O pessoal sumiu, por incrível que pareça, porque começa a chegar final de ano, férias, o calor (o pessoal vai para as praias), festas de fim de ano, viagens programadas com a família etc...

Pólo Ceará- Vocês têm apoio de alguma federação ou entidade?

Cristiano - Infelizmente não.

Pólo Ceará - Hoje há 11 pessoas treinando em Joinville. Não dá pra ter um coletivo. Como é que você pretende motivar esse pessoal e o que seria necessário pro WP se desenvolver em sua cidade?

Cristiano - Bem, quando dá umas 8 ou 10 pessoas a gente joga na parte funda da piscina 4
contra 4 com traves pequenas sem goleiro (só nos 12,5 metros), pra incentivar quem está começando, pra não ficar só na natação.

Estamos também fazendo 1 vez por mês o Polo e Pizza, pra reunir uma galera pra jogar e no final fazer uma confraternização. Cada um que vai tenta levar um amigo novo pra participar.

Acho que pro polo crescer em Joinville precisaria de mais apoio das instituições de ensino como a própria Univille, que é a faculdade da maior cidade do estado. Tem uma baita piscina coberta e térmica e não tem sequer uma equipe de Polo. Os próprios universitários têm dificuldade em utilizar a piscina.(burocracia)

A imprensa (televisão e jornal) também poderia ajudar fazendo matérias sobre o esporte, e as próprias lojas esportivas poderiam ajudar pelo menos colando um cartaz, como eu já tentei fazer e tive a decepção de passar algumas horas depois e ver que o cartaz sequer foi colocado ou jogado no lixo.

Outra coisa é ter horários alternativos de manhã ou a tarde para a moçada infanto-juvenil que não pode ou a mãe ou pai não deixa treinar no horário da noite.

E colocar a modalidade nos Jogos Abertos, acho que seria um grande incentivo para montar equipes. (Pelo menos teria um foco para treinar pra competir dentro do próprio estado.)
E ter intercambio entre a equipe da UFSC. Marcar coletivos para troca de experiências.

Pólo Ceará - Qual a estrutura que vocês têm para treinar em período de frio?

R: A estrutura não é ideal para a prática do polo, mas também não é ruim. A piscina é coberta, aquecida, tem 25 metros, só que ela não é totalmente funda, são 12,5m rasa e 12,5m com 2,00m de profundidade.

Polo Ceará – O que move vocês a continuar treinando?

Cristiano - No meu caso é a saúde, condicionamento físico, e a maioria dos outros
praticantes é a paixão pelo esporte.

Visite os sites das equipes de Joinville e de Floripa .