O que o move o mundo, pro mal e pro bem, são as paixões, pessoas que se entregam a uma determinada causa e colocam nessa causa forças que parecem muitas vezes raras, estranhas ou até absurdas para os demais, os que preferem se acostumar a um cotidiano com menos percalços.
Letícia Furtado é sem dúvida do primeiro time, joga com fervor entre os apaixonados. Precursora do Surf e do Pólo aquático feminino no Brasil, Letícia costuma mostrar sua cara sem maquiagem alguma nas colunas que escreve sobre Pólo Aquático. Conheça nas linhas abaixo um pouco mais da brasileira que lá do Canadá não descansa enquanto não vir o Pólo Aquático brasileiro crescer.
Pólo Ceará - Estamos tendo dificuldade pra começar o Pólo Aquático feminino aqui, afinal ainda estamos começando o masculino e não há alguém disposto nem preparado para treinar as meninas. Você viveu o começo do Pólo feminino no Brasil. Dá para contar como foi?
Letícia - Antes gostaria de explicar que a implantação do pólo aquático no Rio e em São Paulo não pode servir de modelo para a massificação do pólo feminino no Brasil. Ele aconteceu em um momento que o esporte era exclusivamente masculino. Então, o trabalho foi muito mais de abrir caminho do que de instalação propriamente dito. Trabalhamos com o que existia e moldamos para que a categoria tomasse uma forma.
Quanto à minha experiência, ela foi de muita luta pessoal, dentro e fora das piscinas. Quando eu tinha 15, 16 anos, eu morria de inveja dos meninos da natação que saiam pro pólo. Engoli o recalque a seco até 17 anos quando rolou uma escolinha feminina no Tijuca, que infelizmente acabou em um ano. Esperei até os 21 anos, passeando entre o triatlon e o surf, quando soube de um grupo de meninas que treinavam na UFRJ, como parte da cadeira pólo aquático na Faculdade de Educação Física.
Como conhecia bem o Waldyr Ramos, que foi o meu primeiro técnico de natação e que na época era diretor da Faculdade, ele me autorizou a integrar o grupo. As meninas não eram novinhas, nem todas eram ex-nadadoras, mas existia uma vontade muito grande de levar o projeto à diante. Verônica Salles, uma das jogadoras, levantou a hipótese de nos filiarmos ao Flamengo, onde existia uma abertura e um bom entendimento com os técnicos e dirigentes da época. E foi assim que tudo começou no Rio de Janeiro.
Uma vez instaladas no Flamengo, eu comecei a minha rotina de chegar cedo pra musculação e treinar com o infanto, além do meu treino. Com o tempo “filava” até uns minutinhos no adulto (ao melhor estilo Michel Vieira). Pólo Ceará - Quando você sentiu que o Pólo feminino tinha enfim se consolidado no Brasil?
Letícia - No Flamengo me destaquei como atleta/dirigente e, ao organizar um primeiro Torneio brasileiro feminino de pólo aquático, entre Flamengo, Paulistano e Hebraica, fui convidada pelo presidente Coaracy para institucionalizar a categoria no Brasil.
Dei sorte, porque logo de cara, conseguimos realizar outros eventos nacionais, juntamente com São Paulo, que também já se organizava regionalmente.
Ao mesmo tempo, em 1990, fui informada sobre os preparativos para o campeonato mundial de Perth, na Austrália. Corri atrás pra saber porque ninguém da América do Sul tinha vaga. O motivo não poderia ser mais ridículo. Ninguém nunca tinha organizado um pré-mundial apesar da categoria existir timidamente na Argentina, Colômbia e Venezuela. Foi sopa no mel. Arrumei 10 mil dólares pra organizar o qualificatório e mandei convite pra todos os países. Com a falta de resposta, fui aconselhada pela FINA de convidar alguma equipe dos USA para validar o evento. Prontamente eles enviaram uma equipe junior PPV, e o torneio aconteceu. Correu tudo as mil maravilhas. Com o dinheiro, banquei estadia, alimentação, transporte e passeios das gringas, além de obviamente os custos dos campeonatos. A festa de encerramento foi no Scalla com tudo pago. Até hoje me pergunto porque se reclama tanto de falta de verba, quando vejo as alocações declaradas pelos orgãos oficiais!
Enfim, a equipe A do Brasil ganhou o torneio e ganhamos a vaga pro mundial. Essa “forçação de barra” no cenário internacional foi imprescidível para a sobrevida do polo feminino no Brasil. Com a participacão em Perth, entramos no cenário mundial, ganhando direito a vaga na Copa Fina e nos mundiais subseqüentes. E isso fez com que as meninas no Brasil se motivassem à treinar. Estava consolidado o pólo aquático feminino no Brasil!
Pólo Ceará - Quais foram as equipes em que você jogou e qual era a sua rotina de treinos?
Letícia - No Brasil, sempre joguei pelo Flamengo. Em 88 fui convidada por um olheiro húngaro para fazer um estágio na Hungria junto com a seleção de época, durante os 3 últimos meses de preparação para a Copa FINA. Chegando lá, senti na pele a carga de treinamento e percebi o quanto a musculação e os treinos extras por conta própria estavam agora me valendo. Não só fui integrada ao grupo, como recebi convites para jogar pelos clubes VASAS e SZENTES. Acabei escolhendo o VASAS por ser em Budapest, perto das comodidades de uma grande cidade, já que não falava nada de magiar.
Em 92, joguei pelo VASAS numa temporada de 3 meses onde fomos terceiras colocadas no forte campeonato Húngaro. Em 93, após um torneio em Québec pela seleção, resolvi ficar no Canadá para operar o meu ombro com um grande especialista no assunto, Dr. Sylvain Gagnon. Durante a recuperação treinei no CAMO (do então técnico da seleção canandense Daniel Berthelette). Nessa época, sabendo do meu interesse em aumentar minha experiência internacional, o clube St-Lambert me convidou para jogar por eles. Aceitei de imediato, já que pelo CAMO eu seria banco. A equipe era a própria seleção Canadense. Eu jogava direitinho, mas não estava com essa bola toda. Pela equipe de St-Lambert eu joguei bastante e ficamos em segundo lugar na temporada 93/94.
Minha rotina de treinos entre 88 e 94 nunca mudou muito. O que mudou foi a minha performance. Começava lá pelas 4 horas com uma série de musculação. Às 5h eu ia pra piscina e ficava filando o treino do Raul, com os meninos do infanto. Fazia a parte técnica e completava o coletivo. Às vezes apitava também. Lá pelas 6h era o nosso treino, que eu fazia completo. A gente treinava atrás do gol. Era o "canto das baleias", plágio da mini-série "O Canto das Sereias", já que algumas de nós éramos rechonchudas.
Nosso treino terminava às 8h e eu continuava na piscina. Às vezes pra filar o chute a gol e alguma parte técnica do Paulinho com o adulto masculino. Sempre tinha um mais fraco ou mais novo, com quem ninguém gostava muito de treinar. Era a minha oportunidade de estar na água com feras como Rochinha, Carsalade e cia. Eu ficava meio que no canto da piscina, morrendo de vergonha. Mas passava por cima de todo o preconceito e falatório, pois sabia que acabaria melhorando por insistência… ou por osmose. A brincadeira acabava lá pelas 10 da noite. Dei sorte de sempre estudar de manhã e quando me formei, passei em dois concursos públicos que me permitiram de trabalhar em tempo parcial. Vida boa essa de funcionário público, eu recomendo pra quem é atleta!
Na época de seleção a coisa era mais pesada. Uns 3 meses antes de cada campeonato, tinha concentração em São Paulo. Toda sexta feira, nós do Rio (éramos 5) pegávamos um ônibus de carreira até São Paulo de meia-noite às seis da manhã. Chegávamos direto no clube e treinávamos de 8h às 11h. Depois disso eu desmaiava na cama confortável que a minha tia me liberava na Av. Paulista. As outras ficavam em casa de atleta. Às 4h da tarde eu me levantava para o segundo treino do dia de 6h às 9h. No dia seguinte era de 9h ao meio-dia. Saíamos da piscina direto para a rodoviária, pra mais 6 horas de ônibus. Eu morgava direto e só acordava no Rio. Na segunda era folga, mas o carro já ia sozinho pro Flamengo e eu sempre aparecia por lá pra curtir a sobremesa, ou seja, um bate-bola e um coleta de leve. Nessa época eu literalmente comia e dormia pólo aquático! Pólo Ceará - Quem eram as melhores contra quem (ou com quem) você jogou e quais são as melhores atuais?
Letícia - Não gosto muito de responder a esse tipo de pergunta porque isso depende do que você já viu de cada um. Depende também de como você vê o pólo aquático. Eu sou do tipo jogar-em-conjunto e detesto fomeagem. Portanto se tiver que escolher as melhores, não serão necessariamente as artilheiras, apesar de algumas delas serem também as melhores. Pra isso é só ver as estatísticas dos jogos : menos de 40% de rendimento nos tentos, pra mim é fominha. Não joga bem.
Em termos de Brasil, no meu tempo tinha a Cristiana Pinciroli, Alexandra Araújo, Júlia Albuquerque porque eram completas. E como goleira, a Kátia Alencar. Em termos internacionais era a Maureen Mendonza (USA), Irene Raphael (HUN) e uma holandesa que não me lembro o nome. Essas teriam vaga na seleção junior do Brasil!
Hoje em dia, posso citar a Marina Canetti que está em grande forma, com um jogo do tipo da Camila Pedrosa e da Ale Araújo. Só que ela é mais nova do que as duas e pode desenvolver ainda muito. Sobre as outras, não posso falar muito porque não vi jogar, não entrei no mano à mano dentro d’água pra poder dizer. E sobre as estrangeiras, temos a Tania de Mario (ITA) e a Brenda Villa (USA) que conheço só de sequências no vídeo. Infelizmente não pude assistir ao mundial do Canada em 2005 porque estava no Brasil resolvendo assuntos particulares. Ann Dow e Cora Campbell (Canadá) também são grandes nomes.
Enfim, essa estória de dream team é muito relativa. Tem muito de propaganda & marketing, principalmente na Itália, porque as cabeças estão constantemente à prêmio. O melhor mesmo é se identificar com um craque e se espelhar nele, tentar reproduzir dentro e fora do horário de treino o que ele faz. E ser feliz…
Pólo Ceará - O jornalista Eduardo Vieira disse aqui ver mais esperança no Pólo Aquático feminino brasileiro do que no masculino. Você vê da mesma forma?
Letícia - Essa questão é muito simples. O pólo aquático feminino é de mais fácil ascensão que o masculino. É uma questão de números. Mesmo com a popularidade na Europa, ele continua sendo menor do que o masculino.
Nessas ligas européias de "A a Z", tem muito jogo duro-de-se-ver, como alguns jogos juvenis femininos que assisti no Brasil. Mas essa também é a chave do sucesso da categoria por lá. Tem muita gente jogando. E daí se tiram Tanias de Mario e Villas para as grandes seleções. E se elas se machucarem, existirão outras na fila que serão capazes de substituí-las de igual pra igual. Mas isso é um parênteses à parte. O importante é entender que quanto menos concorrência, maiores são as chances de sucesso. Por isso afirmo que o feminino brasileiro TEM mais esperanças do que o masculino.
A outra questão é a cronológica. O masculino está com pelo menos 100 anos de atraso em relação aos países tradicionais. O feminino internacional começou mesmo nos anos 70. Dá pra descontar o tempo perdido com mais facilidade.
E a última, é a facilidade de treinamento e evolução. Uma equipe feminina que queira pegar volume de jogo, é só se inscrever em torneios masculinos. Tomar na lata até atingir um poder de esquiva, de disciplina e inteligência táticas suficientes pra encarar qualquer potência mais forte fisicamente. O adulto masculino não. Tem que viajar, ou trazer equipes para o Brasil, sendo esta última solução infinitamente mais avantajosa e infelizmente muito pouco utilizada.
Pólo Ceará - Como você avalia as possibilidades do Pólo Aquático no Pan 2007?
Letícia - Estou um pouco pessimista. No feminino, pra fazer frente com o Canadá e USA teria que trazer as estrangeiras Ale Araújo (ITA), Cassie (USA) e Luiza (AUS). A Cassie vem porque quer. Porque é Flamenguista, porque ama o Brasil, quer falar melhor português e é titular da terceira equipe dos USA, o que em si já é muita coisa. Mas não dá pra ir pro PAN e por via das dúvidas é melhor jogar pelo Brasil. Não foi nenhum esforço fenomenal da CBDA, mas sim um lero bem dado do Canetti.
Além dessas, voltando a Camila e contando com as brazucas, dá pra fazer um bom time. Mas sem treino ninguém vai a lugar nenhum. Pra se ter uma idéia, aqui no Canadá, o técnico formou seis equipes com as 50 atletas do programa nacional e elas jogam entre si toda a semana, com exceção das poucas gatas pingadas do oeste do Canadá.
Vai ter também 4 torneios organizados oficialmente durante a temporada 2005-2006, desta vez com as meninas do oeste, e as equipes serão estas mesmas, sem nenhum vínvulo com clubes. Fora isso, é cada uma por si. Os clubes de primeira divisão feminina são somente dois este ano e nem Liga Feminina está tendo. Tem uma menina da programa nacional que joga no meu time (senior B misto) nas quartas-feiras e treina por conta própria no resto da semana, quando não tem concentração de seleção. Ela também joga por uma equipe na França alguns meses por ano. Isso é só pra dar uma idéia de como manter a competitividade mesmo em condições adversas. Pra quem não sabe, o Canadá foi bronze mundial em 2005, atrás da Hungria e dos USA.
Enfim, não é com uma salada de nomes que o Brasil vai chegar em algum lugar. E por enquanto ainda não vi uma mudança nesta mentalidade por parte da CBDA. Por outro lado, confio no taco do Chiappini, mas ele também não está lá pra organizar e sim pra dar treino. É esperar pra ver. E eu vou estar lá com a bandeira na mão, de 8a jogadora.
Quanto ao masculino, prefiro não me adiantar porque não estou sabendo de detalhes. A impressão que tenho é que tem "Romários" nas paradas e isso está causando muita fofoca. A mensagem que tiro disso é que tem gente que não consegue se recolher na sua insignificância em termos mundiais. E isso não gera progresso.
Pólo Ceará - Seus artigos no www.poloaquatico.com.br se caracterizam por serem muito críticos. Você vê possibilidades concretas de crescimento pro Pólo Aquático brasileiro? Como?
Letícia - Do jeito que está, vai crescer sim, mas a passo de tartaruga, o que obviamente não é o suficiente. Mas antes quero falar sobre crítica.
Eu sempre fui muito contestadora. Institui, com outras duas amigas, o surf feminino no Brasil e depois o pólo. Sempre achei que dá pra ser mulher e fazer tudo o que a gente quer, ao mesmo tempo. Sem competição contra os homens, mas com a cumplicidade deles. E felizmente encontrei isso aqui no Canada, país que escolhi pra fundar a minha família. Mas existiu um período em que tive de me calar, porque acabaria sendo cortada da seleção. Pra quem não sabe, seleção é uma selva. A toda hora você pode ser apunhalada pelas costas. Então você tem que ficar na sua, considerar o técnico bossal e soberano e fazer tudo o que ele quer, pra garantir a sua vaga. Só depois que sair desse mundo é que você pode voltar a abrir o bico. E foi o que eu fiz, depois de quase 10 anos acompanhando só de espectadora do pólo brasileiro.
Mas agora vamos à pergunta. Claro que vejo possibilidades concretas para que o pólo cresça no Brasil. Já arranquei os meus cabelos escrevendo colunas e mais colunas sobre as estratégias para que isso aconteça.
O Brasil é um país imenso e é imbecil acreditar que o pólo possa ser um dia tão desseminado quanto o futebol. Mas ele pode ser popular se contar com um apoio organizado da mídia. Veja o que o Eduardo Vieira tem feito pelo feminino contando só com o site e o Jornal dos Sports. As meninas estão na boca do povo, porque é o povo que lê o JS!
Já para massificar o esporte, ele tem que existir em qualquer piscina, com qualquer tipo de jogador. Tem que se ter uma mentalidade de promoção da saúde física e mental através dele. E se tiver alguém que leve muito jeito, aí sim se procura uma elite. O que vocês estão fazendo no Nordeste me parece ser o caminho quase certo. Não sei de todos os detalhes, mas me parece que o pólo está mesmo ficando popular. A minha preocupação porém está em não integrar imediatamente as meninas. A hora não poderia ser mais propícia com a maioria dos jogadores em nível de estreante ou segunda divisão.
Integrando as meninas, ou seja, obrigando as equipes a terem pelo menos 1 jogadora na água (para equiparar o nível dentro d’água), o feminino correria o risco de se desenvolver. Num primeiro momento agregado ao masculino, e mais tarde como categoria independente. Isso sem falar que naquele sábado que quase não teve treino, vocês poderiam ter contado com a participação das colegas estreantes, marcando-se mutuamente de um lado e do outro da piscina. Foi-se o tempo que o pólo aquático era um negócio só de homens. Como no surf, o sol brilha pra todos!
Mas para manter o interesse, tem que ter competição. Com rodadas organizadas no mínimo duas vezes por mês. Mesmo com 3 times incompletos, tem que ter Liga, ainda que com regras adaptadas. Isso mantém o interesse, mesmo que seja pra aparecer só pro jogo, ou até mesmo por causa do chopp após jogo. Assim, gradualmente, os jogadores vão vendo a necessidade de se treinar mais. Pras categorias de base, a meninada que só estuda, deve ser o contrário: só joga se tiver treinando. Assim, inculca-se o valor do treinamento nos mais jovens e adapta-se a situação pra quem tem trabalho e família. Acima de 14 anos, é todo mundo misturado no mesmo time pra começar!
No âmbito da CBDA, eu já comentei no site poloaquatico.com que uma Liga Nacional, no sentido literal da palavra, é imprescindível (coluna : Tentando juntar as pontas). Eu fiz o projeto, com custos de transporte das equipes incluídos e provei que é viável, sem aumentar a verba disponível neste momento para o pólo na CBDA. Mas acham que sou lunática. Cá pra nós, eu sei do que estou falando, já organizei campeonato e viagem pra muitos grupos. Acho mesmo que é medo de mudar. Um ranço nefasto que hipoteca a única possibilidade de crescimento real e proporcional do pólo aquático no Brasil. Pólo Ceará - Hoje você tem que se dedicar muito mais à família, mesmo assim continua treinando no masters e isso parece ser muito importante pro seu equilíbrio pessoal. Qual é a importância do Pólo Aquático na sua vida?
Letícia - Não só o pólo, mas a atividade física em geral é muito importante para mim. Procuro inculcar esses valores nos meus filhos. Assim, fora quarta feira, que é o dia do meu treino, nós fazemos atividades físicas juntos todos os dias. Na segunda é dia de levá-los à ginástica acrobática (e eu fico infelizmente só olhando), terça é dia de patins no gelo, quinta é de esqui, bicicleta, patins ou skate e sexta é bagunça na piscina, quando eu brinco de pólo com eles. Ainda tem aula de natação e futebol na escola.
Pra terminar, vou seguir os ensinamentos do mestre Ricardo Perrone e estou prevendo aumentar, a partir da semana que vem, a minha carga de atividades, com treino por conta própria, na terça e quinta durante o dia. Há mais de um ano venho sofrendo de insônia e falta de força física. Arrumei então um tempinho livre no final da manhã nesses dois dias. E, ao contrário do que muitos pensam, só tenho faxineira uma vez por semana e sou eu quem cuida da casa, supermercado, pagamento de contas e todas aquelas tarefas típicas de Amélia. Ah! Além de trabalhar 3x por semana como professora de educação física e inglês.
Acho que deu pra entender como mexer é importante para mim! O segredo é guardar quase todos os sábados, domingos e feriados pro cara-metade (pra plagear em versão livre a Torah e a Bíblia). A estabilidade eu encontro organizando a minha semana como uma verdadeira secretária executiva. Assim, dá tempo pra tudo e pra todos.
Mais do que uma atividade, o esporte pra mim é um modo de vida. No pólo aquático, em particular, eu me realizo. Gosto de estar na piscina, mas sempre detestei contar ladrilho. Gosto do jogo sapeca que é o pólo. Me realizo principalmente quando um gol é fruto de uma jogada feita com uma companheira. Ou quando uma tática de defesa funciona e dá contra-ataque. Gosto das pessoas do meio, em particular aquelas que o fazem com prazer. Enfim, é o meu paraíso sobre a terra.
As fotos do arquivo particular mostram Letícia se divertindo com os filhos, jogado Pólo Aquático e numa direita de Bells Beach.